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A Geleira .

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Aos Grandes Sábios dos Reinos,

Segue nas linhas abaixo um breve resumo das minhas pesquisas e do que julgo ser a verdade escondida sob as muitas ilusões criadas a respeito do fruto de meu estudo: as Geleiras de Tagmar.

Aménos, o Velho – Mago graduado do Colégio do Conhecimento.

Introdução

A origem da Geleira remonta a meados do 2º Ciclo e, segundo uma lenda, dois grandes dragões haveriam lutado pelas terras compreendidas entre o que hoje se denomina as Terras Selvagens, o Grande Muro e o Mar. Com este embate, muitos dos moradores locais sofreram, o que levou a tentarem utilizar algumas magias que não eram plenamente conhecidas, heranças de civilizações a muito esquecidas. A tentativa foi falha, congelando todo o território...

Origem

Os Rúbeos contam uma história sobre as origens das Geleiras...

... Era uma vez, um grande rei que dominava sobre todas as montanhas daqui. Dizem que esse rei, quando queria, transformava-se numa grande fera alada, cheio de escamas vermelhas como o fogo, coroa de chifres, capaz de lançar baforadas de fogo e destruir tudo que tocava. Contam que sua sede de destruição só era contida pela rainha Palidá. Ela reinava sobre as estepes que eram cercadas pelas montanhas do Grande Rei. Era no centro das estepes que ficava seu palácio feito de mármore, de ouro e de prata.

A rainha Palidá passava os dias e as noites em pé no maior dos pináculos do seu palácio. E ficava ali contemplando o infinito como à espera de algo que nunca viria; olhava para o céu... E chorava.

Ora, não era o poder da rainha Palidá que refreava o ímpeto do Grande Rei, era a sua beleza. Dos seus palácios nas montanhas o Grande Rei contemplava Palidá e nutria por ela um grande desejo, amor, segundo ele. Mas, porque era mal, seu amor tornou-se maldito, doentio, malévolo. Desejava-a como um enlouquecido, irava-se porque ela não o via, só via o nada... e chorava.

O Grande Rei decidiu, então, conquistar o reino da rainha Palidá, e submetê-la pela força ao seu amor. Mas Palidá era amada pelo seu povo, que sofria vendo sua tristeza e lutavam por ela com amor desesperado. O Grande Rei, por outro lado, era temido e odiado por suas tropas. Ele instigava-os contra os muros da Cidade de Mármore. Mas o Ódio não pode vencer o Amor. E a cada investida as tropas eram rechaçadas pelos soldados da rainha.

Até que o próprio Grande Rei veio. Desceu do seu grande trono branco na alta montanha para batalhar. Sua força e violência destruíam tudo. Mas nem seu poder podia vencer os muros mágicos da Cidade de Mármore.

Nem mesmo diante dos milhares de mortos e do sofrimento do povo a rainha Palidá deixou o pináculo. “Por quê?! Por quê, Rainha Maldita, não tenho tua atenção?!” esbravejava o Rei. A Rainha apenas olhava, como através dele, e nada dizia. As chamas do Grande Rei a cercavam, tudo queimava, exceto ela. Continuava ali majestosa e invencível.

Tudo foi conquistado. Todas as cidades destruídas. Milhares foram mortos. O reino caiu. Mas a rainha e seu castelo resistiam.

Totalmente enlouquecido o Grande Rei recorreu aos seus feiticeiros. Se não podia vencê-la... a destruiria!

Uma antiga feitiçaria foi entoada para amaldiçoar a bela rainha, tirar os seus poderes. Naquela noite fria de lua cheia o Grande Rei revoou sobre o pináculo uma última vez. E caiu como uma estrela de chamas e ódio sobre a Rainha Palidá. Quando a Rainha olhou para o céu e contemplou a fúria e majestade do Grande Rei disse apenas uma palavra, que foi ouvida por todas as criaturas dali até os vales montanhosos: “Redenção...” e explodiu num brilho branco e puro que cobriu tudo e a todos... Quando o brilho se desfez o que ficou onde antes era o pináculo de mármore é o que hoje chamamos de O Grande Branco. Inatingível, belo e eterno como era a Rainha Palidá. Dizem que dentro do brilho se viu a verdadeira forma da rainha: uma criatura enorme, com asas de morcego, escamas brancas pelo corpo e chifres de diamante. Essa foi a última vez que se viu o Grande Rei e a Rainha Palidá.

Depois, com o tempo, o frio do coração da rainha e sua tristeza se espalharam por toda a estepe até as montanhas e os vales, os que ficaram morreram e os que sobreviveram foram embora para nunca mais voltar.

Foi assim que nasceu a Geleira...

Clima

Estudos geográficos mostram que as Geleiras não se encontram em região de pólo, o que aponta para a possível natureza mística das mesmas, sendo elas, muito provavelmente, as maiores responsáveis pelo clima da região.

Nas regiões montanhosas mais externas, a temperatura, nos meses mais quentes do ano, oscila entre 10º e 20ºC nos lugares baixos, mas no topo das montanhas a temperatura chega facilmente aos -15ºC. Nos dias de inverno -5ºC é a maior temperatura, mesmo nos vales mais quentes, nos picos gelados já foi registrado -30ºC. Nesses vales concentra-se a maioria das tribos que povoam as Geleiras. Ali a caça é abundante nos meses quentes e os vales, com suas muitas cavernas, oferecem proteção natural contra o clima, servindo de abrigo às tribos nômades.

Na região dos vales montanhosos internos a temperatura oscila entre 5º e -10ºC, essa é a última região “habitável” (para os padrões dos Reinos) do interior das Geleiras.

Nota-se que ao explorar as regiões interiores das Geleiras a temperatura cai bruscamente. Essas regiões são formadas por anéis concêntricos e, a cada anel vencido, a temperatura cai abruptamente. É possível sentir esse efeito e marcar com precisão a fronteira entre os anéis. Não foi possível calcular quantos anéis existem nem seu epicentro, mas se conseguiu investir até o oitavo; além deste nível o frio (-45ºC) e o cansaço impedem qualquer avanço.

Nevascas são comuns, principalmente nos níveis mais interiores e ventanias capazes de dobrar o frio são constantes; há até mesmo a possibilidade de um homem ser arrastado pelos ventos catabálicos...  A escolha, portanto, de um clima adequado é essencial para conseguir avançar com segurança entre os níveis das Geleiras sendo o verão a estação mais adequada para fazê-lo.

O frio intenso e o gelo são responsáveis por um ferimento muito peculiar: a queimadura de frio. Quando uma parte do corpo fica exposta e em contato com o gelo ou a neve a área afetada será atingida por certa dormência; o contato demorado pode provocar o congelamento da pele, até aí nada mais que um incômodo e formigamento serão sentidos. No entanto a exposição realmente prolongada pode levar ao congelamento de tecidos internos, como músculos e ossos. Se isso acontecer, a área pode ulcerar e apodrecer. Levando à amputação do membro. As áreas mais comumente afetadas por esse tipo de queimadura são os dedos, as orelhas e o nariz. A exposição ao frio provocando esse tipo de queimadura é apreciada entre os Azuis como forma de tortura. Nas prisões geladas deles é comum ver orcos sem mãos ou pés...

Geografia

As Geleiras ocupam uma enorme área elíptica rodeada por uma vasta cadeia de montanhas nevadas, onde antes, provavelmente, havia uma extensa estepe. Limita-se ao norte com as terras dos povos bárbaros e nômades, ao sul com Blur (segundo as melhores indicações da localização deste reino secreto), a oeste com o Muro e a leste com o oceano.

Para quem percorre o interior das Geleiras as distâncias podem ser enganosas. Isto pode ser aplicado a portais para outros planos, peculiaridades locais ou sortilégios antigos. Fato é que muitos grupos se perderam ali... Além disso, a cada treze anos as Geleiras têm um ilustre visitante, o Leviatã. Muitos não sabem, mas parte da Geleira está sobre o mar, onde no passado devia haver uma extensa baía, e é através das águas que esse ser descomunal, ao concluir seu ciclo de vida, viaja por baixo da Geleira até algum ponto desconhecido. Sua passagem provoca grandes tremores no gelo que pode, em instantes, abrir fendas grandes o suficiente para engolir uma expedição inteira.

Depois de encontrar um lugar adequado para emergir, o Leviatã libera na superfície um gigantesco esguicho. Essa peculiaridade gera uma neve salgada que cai por dias na região, esse fenômeno é celebrado e temido por muitas clãs e tribos. Em algumas tribos o Leviatã é adorado como um emissário dos deuses; sua chegada e a busca do local em que surgirá são motivo de festas e inúmeros rituais.

A passagem do Leviatã modifica grandemente a geografia da região; marcos indicadores são removidos, novos vales gelados surgem e muitos cânions também. O local da sua “despedida” abre um lago de água salgada no meio das Geleiras que leva dias para fechar. Contudo, os peixes e outros animais marinhos que traz são apreciados e vistos como finas iguarias entre os povos da Geleira.

O indicador geográfico mais seguro fica no centro das Geleiras. Ali existe uma grande montanha, chamada pelos nativos de O Grande Branco. Faltam pesquisas a respeito, mas acredita-se que essa é a montanha mais alta de todos os Reinos. Possivelmente este é um dos epicentros de todas as influências místicas das Geleiras.

Fauna e Flora

A flora é incrivelmente escassa no “lado interno” das Geleiras. Portanto, aventureiros e habitantes locais dependem de incursões freqüentes às regiões de fronteira em busca de vegetais. Dada esta escassez, doenças, como o escorbuto, são muito comuns entre as tribos que passam muitas semanas viajando pelos vales internos. Nos vales de fronteira, porém, existem florestas de abetos, olmos e salgueiros, com caça relativamente abundante nos meses quentes.

A fauna, porém, é mais diversificada do que se pensa a princípio. Existem mamutes enormes e também muitas variações de animais conhecidos nos Reinos, mas adaptados ao frio possuindo uma vasta pelugem ou uma grossa camada de gordura sendo muito maiores e pesados que seus primos nortistas, como os rinocerontes lanosos e os búfalos lanosos. Os mamutes são considerados animais de rara beleza e são um ícone na região. Habitam, sobretudo, a área leste das Geleiras numa extensa área que vai das estepes nas terras Selvagens até os vales glaciais. Os mamutes, gigantes e majestosos, não possuem um predador natural nem temem o frio ou a neve por mais intensos que sejam. Graças a isso, suas manadas podem atingir facilmente uma centena de indivíduos, comandados pela fêmea mais forte e inteligente do bando. Terrivelmente poderosos, os mamutes são caçados apenas em datas ou ocasiões festivas, geralmente pelo povo Azul, que utiliza sua pele, ossos, carne e gordura, nada sendo desperdiçado. Há também cabritos monteses nas montanhas e lobos glaciais e ursos nos vales onde se encontram florestas de pinheiros e abetos. Entre os mamíferos predadores estão o tigre branco e o terrível dentes-de-sabre. Este último possui aqui um parente chamado pelos nativos de demônio-da-neve, uma criatura vil e traiçoeira, dotada de uma inteligência rudimentar, à semelhança da inteligência dos macacos; seu corpo felino e gigante é ágil e compacto, os dentes de sabre são intimidadores e mortais, os pêlos brancos e hirsutos lhe servem de camuflagem natural e aliado a tudo isso há uma determinação e ferocidade ímpar no reino animal. Por fim há os assombrosos e majestosos Grandes Ursos Glaciais, essas feras brancas, de olhos verde-esmeralda, chegam a ficar com 4,5 metros quando ficam de pé. São tão poderosos e terríveis quando enfurecidos que os nativos os adoram como sendo a encarnação do poder de Maira Nil.

Existem ainda os cães glaciais. Esses belos e grandes cães, com cerne de até 1,1m, lembram os lobos, só que mais gordos. São domesticáveis, sinceros e fiéis até a morte. Muitos habitantes devem a vida a um desses animais. Aqui eles são tratados como membros da família e são essenciais na vida das tribos, ajudando no transporte dos trenós, na caça e na busca de perdidos na neve.

Uma das ocorrências mais fantásticas no mundo animal das Geleiras é o Mulague. O Mulague é uma caravana de centenas de alces que migram através dos vales a cada dois anos (esse é o tempo que levam para dar a volta em toda a Geleira). Os alces do Mulague são considerados sagrados pelo Clã dos Vermelhos. Estes protegem a caravana e não os caçam enquanto eles cruzam o seu território. Entre as tribos de Vermelhos diz-se que o líder da caravana é um alce inteligente; conta-se que ele pode até mesmo falar com os humanos e tem poderes mágicos para abençoar ou amaldiçoar aqueles que se envolvem com o Mulague.

Entre os Vermelhos corre uma lenda muito comentada que fala da existência de um monstruoso gigante. Comparado com um urso, ou gorila, essa criatura mitológica é duas vezes maior que o maior dos gigantes de gelo já vistos. Na região referem-se a ele como o Gigante da Geleira. Se essa fera realmente existe ou não, ninguém pode dizer, mas os horrores que contam a seu respeito são vastos e malignos. Tribos inteiras que sumiram, expedições malogradas que nunca retornaram, crianças que desaparecem à noite, tempestades e avalanches repentinas; tudo é atribuído ao Gigante da Geleira.

De todas as feras que encontramos nas Geleiras, há uma que é incomparavelmente bela e poderosa: o Lagarto do Gelo. Essa fera de incrível beleza e poder é adorada pelos Azuis como a expressão máxima do poder e da sabedoria das Geleiras. Quôim, dizem, aconselha-se pessoalmente com um Lagarto de Gelo, chamado entre os Azuis de Chô-Tupanqui. A localização da habitação do Lagarto é segredo absoluto, um Azul preferiria morrer de forma muito penosa a revelar a localização desse santuário. É comum que os Azuis prestem homenagens a Chô-Tupanqui, e comentam que ele também auxilia Elenar, o líder mítico da Ordem do Urso Glacial, e seus guerreiros na luta contra o Mal-Sob-O-Gelo.

Povos da Geleira

Os vales externos são povoados por tribos nômades que vivem essencialmente da caça, desconhecendo totalmente os sistemas de agricultura e criação do mundo “civilizado”. O maior Clã, chamado Rúbeos, que na língua nativa significa “Vermelhos”, é composto por basicamente humanos altos de cabelos fartos e ondulados, em tons de ouro ou vermelho, olhos pequenos e claros, barbas densas (nos homens) e corpo grande e maciço como um bloco de gelo.

São alegres e companheiros, mas terríveis na guerra e teimosos no amor e nas crenças. Vestem roupas feitas de peles e, na guerra, usam armaduras de couro leve ou rígido; não conhecem a forja de armas, mas, vez por outra, as negociam com os anões que vêm em caravanas das montanhas mais para o sul. No entanto, espadas e armaduras de aço são muito raras e poucas tribos as possuem, ainda assim em mínima quantidade. As armas principais são a lança leve e a média e as pesadas bordunas /porrete (aqui chamadas de apem) feitas com madeiras muito rijas, duras feito ferro e bastante pesadas, como o cedro ou mogno. Temperadas no fogo, essas armas, depois de adornadas e trabalhadas, em nada ficam devendo às maças ou até mesmo aos martelos de guerra. Arcos leves e flechas são conhecidos e fabricados, mas os “Vermelhos” os depreciam, sendo mais utilizados pelos povos da neve, chamados de “Azuis”.

Na neve as tribos dos Lazúlis (“Azuis” no dialeto nativo) são dominantes. Comandados por um líder militar os “Azuis” são humanos de baixa estatura e têm pele Albina, quase num tom de azul celeste. Seus cabelos são muito lisos e negros, os olhos são de um azul profundo, repuxados e pequenos. Da cor da pele e dos olhos foi que derivou o nome desse povo. Esses homens possuem uma resistência notável ao frio, sendo mestres na arte de sobreviver na neve.

Os povos da Geleira não possuem escrita, mas têm uma tradição oral muito forte, onde o respeito aos mais velhos, aos deuses e à natureza são exaltados e muito valorizados ao lado da coragem e do companheirismo sem os quais é impossível viver no gelo.

Não existem meios-elfos entre as tribos; é provável que um elfo não se sentiria atraído por uma raça de intelecto tão... Baixo. Existem alguns anões vivendo nas montanhas ao sul, mas sua relação com as tribos limita-se ao escambo de produtos e serviços sendo a grande maioria viajantes de passagem (caravanas perdidas ou precisando de reparos e/ou víveres). Não existem orcos no lado norte da Geleira, mas eles habitam as montanhas da fronteira externa sul, onde ocupam uma extensa galeria de cavernas, que alguns supõem ser as galerias subterrâneas do reino do antigo Grande Rei. Existem Gigantes de Gelo e um grande Clã de ogros na fronteira leste. Entre as tribos das Geleiras correm lendas que reportam a existência de um reino mágico à sudeste, voltado para o mar, onde os homens cavalgam em grifos e constroem grandes barcos a remo; dizem que esse povo há muito negociou com os anões os segredos da forja do ferro. Afirmam, também, que lá o povo cultua a um deus negro que os incita à guerra e ao conflito (talvez Crezir ou Blator ou ambos).

Religião & Magia

Nesta região gelada e inóspita não existem ordens, colégios, academias, guildas ou confrarias; assim os indivíduos que queiram seguir esses caminhos têm de viajar ao Mundo Conhecido e conseguir ingressar numa destas Especializações, ou conformar-se com as habilidades iniciais. Podem, ainda, ser convidados por algum explorador de passagem para tornarem-se pupilos, sendo muitas as possibilidades, embora esses grupos não possuam sedes nas terras das Geleiras. Contudo, é provável que existam Rastreadores especialistas na região que possam servir de mestres, sobretudo Guardiões e Caçadores.

Os deuses mais amados e cultuados (embora não haja templos) são: Maira em todas as suas formas, Crisagom, Cruine e Parom; aqui, porém, são chamados por nomes mais naturais: O Grande Urso Glacial/Maira Nil, A Velha Árvore/Maira Vet, O Pai da Terra/Maira Mon, O Justo/O Valente/O Corajoso/O Voraz/Crisagom, O Velho/O Ancião/Cruine e O Mestre (com relação aos ofícios)/Parom.

As tribos não constroem templos e nem desenvolveram noções de teologia. Sua crença e adoração partem do natural, é algo fruto muito mais da necessidade de reconhecer os deuses e de “sentir” sua presença do que uma revelação ou contato direto. Apenas muito recentemente sacerdotes desses deuses têm sido recebidos na região. Os clérigos ordenados entre esses povos são ainda muito poucos, mas veneram seus senhores de forma apaixonada e espontânea.É provável que uma civilização ancestral tenha atingido avanços, nas artes mágicas, inimagináveis para os dias de hoje. No entanto, tudo o que pode ser visto são resquícios da exuberância desta sociedade, como, por exemplo, uma torre mística que ainda se sustenta em algum ponto remoto dos anéis internos e as galerias subterrâneas e ruínas encravadas nos vales, sobretudo nos Vales do Sul, terra dos orcos. Os gigantes também ocupam altas torres em ruínas localizadas no lado leste das Geleiras.

Nas tribos, as feiticeiras são as líderes espirituais e mágicas. Muitas são charlatães, ou supersticiosas, mas é possível ver fé e poder verdadeiros em algumas. Essas poucas geralmente não têm conhecimento além das magias e feitiços mais simples, mesmo assim são extremamente respeitadas e temidas entre os povos, sobretudo entre os “Vermelhos”. São as feiticeiras que geralmente dão um nome de guerra aos homens quando estes atingem a maioridade. A maior de todas as feiticeiras do “povo Vermelho” chama-se Uli. Dizem que ela aprendeu seu ofício com os espíritos elementais e que foi ensinada por eles durante muitos anos em que passou reclusa, perdida no meio das geleiras, nas regiões mais internas.

As Geleiras exercem grande fascínio sobre todos os místicos arcanos que vêm à região. “O ar é permeado de energia” eles dizem. Contudo, é uma sensação estranha, um fascínio incômodo, uma espécie de chamado para fazer o mal. Por conta disso não é segredo que vários necromantes têm visitado a região e o Colégio tem se preocupado com as influências negativas que as Geleiras, ou algo nelas, parece emanar...

A Morte FRIA

Hipotermia é uma das principais causas de morte entre os Rúbeos e os forasteiros. Seus sintomas são sonolência (leve), respirar com dificuldade (média) e retardo dos reflexos (grave). Caso não seja aquecida, a vítima perderá os sentidos e ficará como morta; e realmente ela morrerá em poucos minutos se não for tratada com urgência.

Entre as feiticeiras dos “Vermelhos” foi criada uma bebida feita com ervas que pode prevenir e mesmo reverter os efeitos da hipotermia. Infelizmente ela é de difícil fabricação e um determinado musgo, que é necessário no seu preparo, só é encontrado sob o gelo no alto das montanhas em locais muito frios e mesmo assim só no verão.

Não se sabe como os Lazúlis contornam o problema da Morte Fria.

Cultura

Alimentação: Os povos da Geleira sabem estocar comida de variadas formas. Carne e frutas secas, vinhos e algumas conservas são os mais comuns. A carne é muito apreciada e para a gordura existe uma infinidade de usos.

Artífices: Entre os povos da Geleira existem habilidosos artesãos, dentro do limitado conhecimento técnico que têm é claro. Para citar alguns exemplos: facas, machados e outros utensílios de pedra (sobretudo o sílex), couro para tendas, baús, roupas, etc.

A Caverna: Os povos da Geleira, sobretudo os Rúbeos, habitam as cavernas que permeiam os vales. Como não conhecem formas de plantio ou criação, são obrigados a deixar a caverna no caso de escassez de caça ou clima muito desfavorável (vento contrário, pouca proteção contra a neve, etc.). Algumas tribos mantém mais de uma caverna e migram de uma para outra de acordo com o período do ano, acompanhando a caça e/ou o clima, ou seja, são nômades de fato.

Proteção contra o Frio: Os Rúbeos e os Lazúlis fabricam excelentes parcas de couro (os orcos e os gigantes do gelo não precisam dessas proteções) os animais prediletos para essas roupas são o bisão, o alce, o carcaju, o mamute, entre outros. Os “Azuis” e os “Vermelhos” possuem uma diferença clara no manejo das roupas: os “Azuis” curtem o couro de maneira a torná-lo impermeável e o usam com os pêlos voltados para dentro, diferente dos “Vermelhos” que fazem o contrário. É necessário dizer que as parcas dos Lazúlis são muito superiores em resistência e proteção. Tanto Lazúlis quanto Rúbeos utilizam ainda gordura animal para a proteção das extremidades do corpo, bem como as partes expostas ao frio, a gordura é um excelente isolante térmico e funciona ainda como hidratante, evitando assim que alguns pontos sensíveis sejam necrosados, como o nariz e orelhas.

Idiomas: Os Rúbeos usam uma linguagem pouco articulada (poucos verbetes) e bastante simples de aprender a ouvir, difícil, porém de falar, pois é muito gutural (com sons brotando da garganta) e apresenta por vezes a ausência de vogais. Os Lazúlis têm vocabulário muito influenciado pela língua orco; podia até mesmo ser considerado um dialeto, mas ainda conservam muitas palavras do seu idioma nativo.

O Mal-Sobre-O-Gelo

A única coisa necessária para o triunfo do mal,é que os homens bons não façam nada”.

(EDMUND BURKE)

Existe um conto comum entre Rúbeos e Lazúlis que retrata uma força maligna que vive ao centro da geleira, sob o Grande Branco. É certo que pelo frio insuportável não se tem notícias de qualquer ser que tenha conseguido ir até lá para confirmar as histórias. Dizem que este mal é na verdade o Grande Rei, que foi aprisionado pela rainha Palidá em sua torre. Tudo isso realmente parece fictício se não fosse os desaparecimentos que ocorrem, bem como os uivos ouvidos ao longe e as criaturas estranhas que vez ou outra aparecem atacando as tribos. Conta-se ainda que para combater esse mal, vários guerreiros são convocados do pós-vida para lutar contra suas crias, esses guerreiros são comandados por Elenar, o líder da Ordem Mítica dos Ursos do Gelo. Essa ordem “viveria” na parte litorânea das geleiras e ocuparia um cerco sob o Grande Branco, não permitindo que o Mal-sobre-o-Gelo ou suas crias avancem sobre Tagmar.

O Grande Clã Dos “Vermelhos” (Rúbeos)

Uma jarra de ‘mata-gato’, uma lareira acesa e uma boa briga. Ah! O mundo não poderia ser melhor, meu camarada!”

(Pada-Merá, Cabeça-de-Bisão - Líder Vermelho, Tribo do Puma Ligeiro)

A Mentalidade dos “Vermelhos”

Quem encontrar um Rúbeo nos vales pela primeira vez logo vai pensar: “deuses, me protejam deste monstro”. O corpanzil de 1,80m (nos indivíduos baixos) as barbas e cabelos vermelhos e densos e as peles sobre o corpo dão aos Vermelhos uma imagem realmente brutal, e eles o são. No entanto, apesar de violentos, temperamentais e rudes, os Rúbeos são pessoas bondosas, leais e honradas, muito diferentes das tribos de selvagens que encontramos em outros locais inóspitos das Terras Selvagens.

Entre os “Vermelhos” a amizade e o companheirismo são ícones de grande força. Isso, sem dúvida, garantiu a sobrevivência do Clã. Eles desenvolveram um espírito de coletividade muito grande. Para eles a família não se restringe aos membros que dividem o mesmo sangue ou uma mesma fogueira, a família é toda a tribo e qualquer um que venha a ser aceito por ela torna-se parte da família com direitos e deveres iguais aos de qualquer outro membro, não importando para isso raça ou credo.

Totalmente incultos, para eles o mundo se restringe aos vales onde vivem. Aqui eles levam uma vida simples e sem ambições. Vivendo um dia de cada vez, sem se preocupar com o amanhã.

A morte é vista com tranqüilidade e não traz assombro nenhum ao coração desse povo. A visão que eles têm do mundo é mesma que a de um colibri ou, às vezes, dos lobos.

De temperamento colérico e tempestivo, o sangue dos Rúbeos ferve diante de poucas coisas. Uma delas, certamente, são os bárbaros das Terras Selvagens. Algumas tribos dali tentam há décadas tomar os vales para si. Os conflitos são especialmente violentos com a tribo dos escravagistas narsinquis. Entre esses e os “Vermelhos” há uma animosidade sem limites, totalmente feroz e brutal.

A quebra dos costumes também é punida severamente e raras vezes é tolerada, salvo casos de extrema necessidade. A pena para quem desobedece aos costumes é imposta pelo líder da tribo, que consulta os conselhos da feiticeira para isso. As punições variam de pequenas surras até a morte que nos casos graves é ministrada com pedradas ou pauladas.

Os Rúbeos têm uma única esposa, com quem se casam por meio de um costume chamado de Escravo do Amor (vide adiante). Contrai outras núpcias apenas se sua mulher não lhe der filhos ou se ela vier a morrer. Para um “Vermelho” a presença de uma esposa é muito importante. Cabem a elas as diversas funções sociais vitais à tribo tais como o ensino primário das crianças, organização e limpeza da caverna, execução das pinturas corporais nos homens da tribo e gerar filhos.

Território

O Clã dos Rúbeos espalha-se por toda região ao norte das geleiras, sobretudo nos vales externos. É o Clã mais numeroso e domina a melhor das áreas de caça: os Vales do Norte.

Organização

O Clã se divide em algumas dezenas de tribos espalhadas por todo o território de caça. Cada tribo tem entre 10 e 50 membros liderados por um Chefe Tribal. E a distância entre a caverna de uma tribo e a de outra é, geralmente, de 5 dias (tendo que caminhar com pouca carga no terreno complicado das Geleiras)

O Chefe da Tribo é, na maioria das vezes, o membro mais experiente e capaz do grupo, sendo invariavelmente um guerreiro renomado entre várias tribos ou no Clã inteiro. Na tribo sua voz é lei e não pode ser questionada. Todos, porém, inclusive o líder, estão sujeitos a um código de honra tribal que dá direção ao comando do Chefe e unidade ao grupo. Esse código, reza a lenda, foi dado aos “Vermelhos” pelo Espírito do Grande Urso Glacial, provável manifestação de Maira Nil, ele não existe na forma escrita, é simplesmente transmitido oralmente para os membros mais jovens geração após geração.

A transferência de poder de um chefe para o outro se dá por meio da escolha do líder atual. Este elege o membro mais qualificado da tribo para substituí-lo, embora possa eleger um de seus herdeiros (e esse seja fato comum). O líder deve ter em mente o bem-estar da sua tribo, ou seja, se o filho do chefe for um incompetente ou incapaz não será escolhido e isso será motivo de grande dor para o Chefe Tribal, todavia o espírito coletivo é mais forte (na maioria das vezes). A escolha de um líder incapaz certamente conduzirá a tribo ao fracasso, quando não à morte ou desmantelamento. Caso o Chefe morra antes de passar a borduna de líder ao seu sucessor e sem manifestar sua vontade a respeito do novo Chefe caberá à Feiticeira da tribo escolher um novo líder. O chefe pode, caso queira, realizar competições entre os seus liderados para avaliar aquele que melhor desempenhará este importante papel.

Cada tribo habita uma grande caverna e a escolha da caverna ideal é essencial para a vida da tribo. Ela precisa ser segura, ter fonte próxima de água, proteger contra o frio e o vento, ser grande o suficiente para abrigar toda a tribo e ter uma área de caça próxima. Quando acha uma caverna adequada a tribo faz uma celebração ritualística invocando o poder do Grande Urso Glacial para habitar a caverna. Este ritual, segundo a crença dos Rúbeos, dá vida à caverna e traz boa sorte para a tribo garantindo que a caça não vai acabar e que a caverna será a habitação da tribo por muitas luas.

As tribos passam o período quente do ano caçando e estocando comida para o inverno, quando a neve vai impedi-los de sair da caverna por muitos dias. Dentro da caverna cada família tem sua própria fogueira e nisso não está implicado o conceito de propriedade, pois na tribo tudo é empregado em benefício do grupo; a razão da divisão dentro da caverna é, antes de tudo, uma forma de organização; cada um ocupando o lugar apropriado ao seu status.

A Feiticeira

O guia espiritual da tribo é uma feiticeira ligada à natureza e às suas manifestações, embora não tenha posto na hierarquia é sabido que dura mais a tribo que tem o costume de respeitá-la e seguir seus conselhos. A Feiticeira conhece inúmeros sortilégios visto que, quando ainda é uma menina ela é escolhida pela feiticeira da sua tribo para aprender todos os segredos dos intrincados rituais tribais do Clã.

Muitos feitiços executados por estas bruxas não o são de fato, como, por exemplo, alguns dos ungüentos e chás para “afastar os espíritos da dor” que são compostos por plantas que, conhecidamente e naturalmente, são entorpecentes ou causam dormência. A utilização de tais ervas, contudo, é limitada à Feiticeira. As mulheres da tribo conhecem uma infinidade de plantas medicinais e sabem fazer ungüentos e infusões, mas a bruxa da tribo tem acesso a ervas especiais e conhece um grau de aplicações maior para aquilo que as mulheres da tribo sabem de um modo geral. Entretanto, em raríssimas ocasiões e por motivos ainda não esclarecidos entre os estudiosos, algumas das Feiticeiras realmente são agraciadas com o dom de realizar pequenos milagres/sortilégios, o que, no entanto, entre os Rúbeos, é considerado motivo de maior respeito e temor para com as mesmas.

Os Costumes

Entre os “Vermelhos” as leis são os costumes. São muitos e variados, herdados de pai para filho ao longo de séculos de tradição oral. A tradição diz que os costumes foram transmitidos pelo Espírito do Grande Urso Glacial aos primeiros homens e este os ordenou que não os esquecessem ou descumprissem, sob pena de verem morrer o Clã e toda sua memória.

Contudo, atualmente, a verdade é que os mais jovens têm esquecido muitos dos costumes antigos e outros os têm ignorado. Se a profecia for verdadeira pode ser que logo o povo Vermelho não exista mais.

Alguns dos principais costumes são:

Costumes Sociais

Respeito aos Costumes: Cumprirás todos esses costumes para que te vá bem todos os dias de tua vida e para que o Clã e a tua Tribo possam prosperar.

Respeito à Tribo: Terás respeito e obedecerás ao senhor da tribo em que estiveres, seja como visitante seja como escravo da guerra ou do amor (segundo esse costume sempre que um membro de uma tribo visita outra deve apresentar-se ao líder da tribo e dizer seu nome, o da sua tribo e a que veio, pondo-se desde esse momento sob a tutela daquele Chefe).

Escravo do Amor: Quando te enamorares da filha do outro, servirás a ele em tudo que te pedires, para provares ser digno da sua filha e da sua fogueira (um costume muito curioso. O dote que é pago a título de casamento, aqui é dado na forma de trabalho escravo, e o pai da jovem pode manter quantos escravos quiser segundo esse preceito. O escravo pode, no entanto, desistir da mão da moça quando quiser e assim deixar de ser escravo).

Ninguém é obrigado a tornar-se escravo do amor. Cada um oferece-se por livre e espontânea vontade (seja qual for o motivo). O pai da noiva aceita o serviço se quiser, e o noivo serve a ele pelo tempo que for estipulado. O noivo pode "abandonar" o período de serviço quando quiser ou pode ser rejeitado a qualquer tempo... Enquanto, na opinião do pai, o noivo não provar seu valor não será admitido, mas ele pode simplesmente desistir da noiva.

Respeito aos Ancestrais: Obedecerás e honrará àqueles que são mais velhos e o seu ensino.

Respeito ao Líder: Obedecerás e honrarás o teu líder, não o questionarás nem o desafiarás.

Respeito aos mais Fortes: Obedecerás e honrarás ao mais forte que tu (os Vermelhos mantêm entre si um tipo de posto segundo o qual o guerreiro mais experiente é servido pelo mais novo).

Cuidado com o fraco: Segundo este costume aqueles que são mais fortes devem cuidar dos mais fracos, protegendo-os e ensinando-os (esse costume é o outro lado da balança do costume anterior. Se por um lado o fraco serve ao forte, por outro o forte cuida e ama o mais fraco, sem dele abusar ou oprimir).

O Desafio: Em tempos de paz, poderás desafiar ou ser desafiado por um teu semelhante, para que fique provado o valor e a superioridade de um ou do outro.

Lamento pelos Mortos: Quando morrer um parente, deverás honrá-lo sempre que encontrar um outro parente chorando sua morte e cantando seu louvor (esse costume também é muito singular. Quando um Rúbeo encontra um parente próximo e os dois têm em comum alguém que morreu, ambos bebem e choram à memória do falecido cantando as vitórias e os feitos dele).

O Aleijado de nascença e o inválido: Esses, quando se tornarem um estorvo para a tribo tu os eliminarás do teu meio. Não os chorarás nem os lamentarás.

Costumes Espirituais

- Buscarás sempre estar unido ao teu espírito e ao do teu Clã.

- Honrarás e respeitarás todos os espíritos.

- Honrarás e executarás, com precisão, a parte que te cabe nas celebrações. Se tocar instrumento, se dançar, se encenar, se narrar histórias, tudo farás com diligência e zelo (todos os “Vermelhos” têm uma participação nas festas que são celebradas).

Costumes de Guerra

- Ensinarás ao jovem a caça e a guerra quando ele estiver pronto.

- Se fores vencido e tua vida poupada pelo teu algoz, pertencerás a ele para obedecê-lo em tudo que te ordenar; serás Escravo de Guerra. (este foi, sem dúvida, o costume mais nobre, ou talvez estúpido, entre os “Vermelhos”. Quando enfrentam um inimigo em combate singular e o derrotam, o vencedor que força o vencido a ficar de joelhos toma-o como escravo. O vencido é levado para a tribo do vencedor e lá passa a residir na sua fogueira. Aos escravos cabe toda e qualquer tarefa que seu senhor lhe der. Podem participar das caçadas, se o seu senhor deixar, e podem até casar-se, mas nunca passará pela sua cabeça fugir ou desonrar seu senhor. A vergonha é, para os Rúbeos, muito pior que a morte).

- Se tu a outro vencer e escravo teu torná-lo, cuidarás que ele seja protegido e honrado na medida do guerreiro que é, serás intolerante com o erro, porém justo nos acertos e recompensas.

- Ao guerreiro que tu tiver como um Escravo de Guerra, se for valente e forte, darás uma de tuas filhas para que ela possa servi-lo e alegrá-lo em tudo, preparando-o para o dia de sua morte e para garantir que seu sangue não morra com ele (outro costume estranho. O Escravo da Guerra muitas vezes mostra-se honrado e corajoso. Comenta-se de um que salvou o seu senhor da morte arriscando a própria vida. Para esses guerreiros a morte é a maior recompensa, mas para que seu sangue não morra com ele e sua linhagem chegue ao fim, dar-se-lhe-á uma esposa para que ela lhe gere filhos que trarão no seu sangue o espírito do grande guerreiro que foi o pai).

Costumes de Caça

- O melhor da caça darás ao mais valente caçador do dia (geralmente o fígado, por seu sabor, valor nutritivo e significância religiosa e a gordura por suas muitas propriedades).

- Não matarás a fêmea grávida e nem ao filhote.

As Festas

Entre os Rúbeos são comemoradas as seguintes festas:

A Festa do Fim do Inverno

Quando chega ao fim um inverno, a tribo se reúne para festejar e, ao mesmo tempo, cultuar ao Urso Glacial. Durante as festividades se pede por uma estação de caça abençoada e se agradece pelo inverno vencido. Essa é uma comemoração tranqüila, onde a tribo faz mais refletir do que cantar e dançar. Eles reúnem-se em torno de uma grande fogueira, contam histórias, bebem e comem o quanto puderem.

A Festa pelos Mortos

Aos mais valentes guerreiros, quando morrem, é celebrado O Lamento. Para essa celebração são chamadas todas as tribos amigas que estejam próximas. Os mortos são honrados e chorados por três dias, com músicas, bebida e comida, depois nunca mais se fala deles com tristeza, pois se acredita que foram para o seio do Grande Urso Glacial, estão em paz e felizes, não havendo mais o que chorar.

A Festa da Congregação

De ano em ano, depois de uma grande caçada, os membros da tribo reúnem-se para celebrar as vitórias da mesma e agradecer aos espíritos por terem unido o Clã e por protegerem-no. Essa é a festa mais bonita e longa. Danças, músicas, histórias, lendas, bebida e comida são distribuídas até todos os participantes chegarem à total exaustão. A cada três anos essa festa é celebrada com todas as tribos, reunindo todo o Clã dos Rúbeos. A cada reunião uma tribo fica eleita para hospedar o festival seguinte, o que é uma grande honra e representa muito trabalho. A tribo hospedeira tem que providenciar a comida e a bebida para todos os participantes. Durante essa celebração são disputados os Grandes Jogos do Clã: uma série de competições físicas e mentais para apresentar os grandes campeões. Corrida, combate singular, caça e arremesso são algumas das modalidades.

Nessa grande comemoração também é realizado o ritual mais importante dos Rúbeos. Um grande animal é escolhido pelas feiticeiras para ser caçado até a próxima festa pelo Clã hospedeiro. Esse animal tem que ser o exemplar mais belo de sua raça. E geralmente são muito perigosos. O Urso Glacial, o Diabo-da-Neve, o mamute, o tigre dentes-de-sabre, são alguns dos candidatos. Depois, essa fera é caçada incansavelmente e tem que ser pega viva para ser engordada e apresentada ao Clã na festividade. Esse animal será então morto e sua carne e sangue comido por todo o Clã. Acredita-se que, assim, o espírito do animal em questão será transmitido ao membro que comer da sua carne ou beber do seu sangue.

A Vinda do Grande Rei do Mar

Os Rúbeos são um dos clãs que adoram e celebram a vinda do grande Leviatã, que vêm repousar nas Geleiras nos seus últimos dias.

Educação & Cultura

O casamento entre os “Vermelhos” é meramente uma necessidade social. Um caçador precisa de mulher e filhos que o auxiliem. O laço sentimental existe, mas é relegado para segundo plano, quando frente aos interesses da tribo ou dos filhos.

As crianças gozam de muita liberdade, permissividade alguns diriam, até os 10 anos. Nesse período as molecagens e brincadeiras são vistas com naturalidade e parte do aprendizado. As crianças passam o dia a brincar de tobogã, esconde-esconde e outras peripécias. As mulheres cuidam da higiene das crianças (aliás, os Rúbeos são muito higiênicos e desenvolveram costumes incomuns entre tribos nômades como lavar os alimentos, dormir em locais limpos e manter assepsia diária) e da sua educação primária que consiste em aprender as lendas e os costumes do Clã. Quando completam 10 anos os jovens têm a vida drasticamente mudada. Acabam as brincadeiras e seu tempo será todo preenchido com afazeres da tribo: lavar, alimentar e limpar os cães, por exemplo. Os meninos são ensinados pelos pais a caçar e passam a acompanhar os mais velhos a caçadas em locais próximos. Aprendem a pegar e tratar peixes, aves e pequenos mamíferos. As meninas aprendem a cozer os alimentos, fazer ungüentos, óleos e chás, reconhecer as plantas comestíveis e as medicinais, dançar e a cuidar das crianças menores. Nesta idade as crianças (meninos e meninas) adquirem um tutor, um membro da tribo que vai instruí-lo numa das ocupações tribais: canto, curtir couro, fabrico de instrumentos de pedra ou madeira, confecção de arapucas e outras armadilhas, etc.

O Grande Clã dos “Azuis” (Lazúlis)

Poupe-me dos seus sonhos e esperanças.

Você já viu onde está?

Aqui os sonhos e esperanças morrem congelados”.

(Doú-Quiú, Vento-Cortante – Chefe dos Caçadores Azuis do Norte)

História

No passado distante, os Malditos, chamados pelos de fora da Geleira de orcos, dominavam tudo aqui. Das suas tocas escuras eles saíam em grande número. Marchando através da terra para lugares distantes em busca de carne humana para seus festivais.

Os membros que eram capturados vivos eram trazidos amarrados a paus como se fossem porcos do mato. Depois eram levados para o interior da terra, na morada amaldiçoada deles, e comidos um a um nas suas festas profanas.

Há muitos anos nas cavernas escuras e fétidas, no meio da podridão, e dos corpos, e do lixo, e das fezes, nasceu Quôim - Olhos-de-Gelo, com o corpo escravo, mas a mente livre. Superou a dor e o desespero para tornar-se forte, Quôim tinha o espírito do Grande Urso Glacial com ele. Quando todo o vigor da juventude estava ainda nele e sua força era incomparável, ele convenceu os presos a enfrentarem os Malditos. Com poucas forças, doentes e sem armas nós não acreditávamos numa vitória, mas uma morte gloriosa como homens livres era melhor que morrer como porcos escravos. Alimentados para servir de escravos e de comida para aqueles demônios. Olhos-de-Gelo prometeu ao grande espírito do Urso Glacial que se lhe desse força para libertar o seu povo, nem ele nem seu povo jamais o esqueceriam. Muitos se rebelaram naquele dia, só um punhado chegou aqui, e isso graças ao fulgor dos olhos verdes de Quôim, os olhos do Urso Glacial, sob sua fúria muito mais que muitos Malditos caíram, eles fugiam da sua presença.

Foi assim que nosso povo veio para cá. Dos nossos avós, quem são e de onde vieram, não sabemos, o passado de antes da Escravidão tinha sido esquecido, mas no gelo começamos nova vida, aprendemos a dormir debaixo do gelo e construir nossas casas, a viver sob o frio e enfrentar tempestades, e a bênção do Urso Glacial nunca nos deixou. Seus enviados vêm, vez por outra, nos ajudar e dar conselho. Aprendemos com eles a combater os malditos e os horrores que vêm do Grande Monte Branco. Aqui agora é a nossa casa, todos somos uma única família, vivemos e morreremos uns pelos outros. Afastamos os malditos para longe e ainda haverá o tempo de exterminá-los totalmente, e libertar nossos irmãos e irmãs que são ainda escravos.”

Segundo as palavras de Iaêm, Voz Clara – Esposa de Quôim

A Mentalidade dos “Azuis”

Frio e calculista. Essa expressão tem novo sentido quando você conhece um Lazúli. Eles são a figura exata desse adágio. Formam um povo de baixa estatura (1,68m nos homens mais altos) com os olhos azuis como o céu claro e a pele albina; são senhores, contudo, de uma coragem inigualável. Os “Azuis” são xenófobos e territorialistas, não admitindo a permanência de outras raças em sua área; e muito raramente consentem que alguém sequer atravesse sua região. São necessários dias e dias de diálogo para convencê-los de uma incursão pelo seu território. Aceitam, porém, a troca de bens e serviços como pagamento por essa permissão e podem conceder, dependendo dos termos, até mesmo um guia.

Isolados dentro da geleira, os Lazúlis não têm contato com quase nenhuma outra raça, exceto os Rúbeos com quem costumam realizar o escambo e os orcos do Vale, que combatem ferozmente. Mesmo assim só um representante Rúbeo, a cada geração, tem permissão para ir até os acampamentos Lazúlis. Quando este representante morre deve deixar um sucessor, se isso não acontecer será um sério problema.

Quando chega à velhice o “Azul” reúne seus pertences pessoais, distribui entre seus entes e amigos mais próximos e, armado apenas com sua lança e poucos víveres, parte a pé para o interior da Geleira. Nunca mais retorna, é o fim da vida para os Azuis, este ritual é chamado de Gôr (caminho).

Apesar de não terem ambições e, ao modo dos “Vermelhos”, viverem a vida com despreocupação e simplicidade, os Lazúlis possuem a noção de posse e propriedade (provavelmente herdaram isso do tempo que foram escravos dos orcos do Vale). Assim, cada indivíduo tem seus bens próprios, que geralmente se resume a sua lança, trenó, cães, roupas, comida, esposa e filhos. Há, todavia, o costume muito corriqueiro de “emprestar” as posses, e se alguém não devolve o que pediu isso não é visto com maus olhos, o “ofendido” simplesmente vai ao campo do ofensor e pega uma outra coisa “emprestada”. Tudo isso de forma muito natural e amistosa.

Todos os mais velhos do acampamento são sobreviventes do tempo da Escravidão. Quarenta anos após a fuga os “Azuis” somam cerca de quatro centenas de indivíduos, sem contar as crianças, que não são poucas. Como um grupo tão pequeno resistiu a um exército de orcos, é impossível saber. Falam de servos do Grande Urso Glacial e que aprenderam com eles a combater sobre a neve e o gelo. Uma vez os guerreiros Lazúlis foram vistos em ação, e demonstraram boas noções militares tendo artimanhas capazes de deixar um general verrogari de boca aberta.

Território

Planícies da região oeste da Geleira.

Organização

Os Lazúlis têm um único líder, seu nome é Quôim, Olhos-de-Gelo. Apesar do título, Olhos-de-Gelo não faz qualquer distinção entre ele mesmo e os outros de seu povo. Come com eles, tem as mesmas posses e em nada ele se vê superior aos demais. Foi esse homem que unificou o Clã há quarenta anos e liderou-os na rebelião que os libertou do orcos do Vale. Hoje, com cerca de setenta anos, Olhos-de-Gelo ainda é o líder inquestionável dos “Azuis”; sua casa já conta com três linhas de sucessão: seus filhos, Quôlum e Môcum e seu neto Quôcheilim, todos absolutamente fiéis e seguidores dos mesmos princípios de Quôim. O Clã o ama e segue como a um filho dos deuses.

Os Lazúlis mantêm acampamentos espalhados por toda sua área de caça com grupos de caça e vigia nas fronteiras do seu território. Cada acampamento tem um Líder que é escolhido pessoalmente por Quôim; sua voz é lei e abaixo da sua, a voz dos seus líderes.

Sem costumes definidos, os “Azuis” seguem uma espécie de código de honra que delineia o comportamento geral do Clã. Não matar fêmeas de qualquer espécie, respeitar os mais velhos, temer os espíritos (deuses), honrar a palavra dada, respeitar o inimigo que é forte, cuidar das mulheres e crianças, etc.

As “casas” dos Lazúlis são construções muito originais. Eles usam blocos de gelo para “montar” na neve uma espécie de domo. O domo geralmente serve de cobertura para um buraco feito na neve ou para a entrada de uma pequena gruta escavada com pequenas picaretas de gelo. O mais impressionante dessa cobertura é que realmente protege contra o frio. Parece, segundo eles contam, que o calor gerado pelos corpos dentro da “cabana”, fica preso pelas paredes de gelo e acaba aquecendo o ambiente.

Os “Azuis” têm quatro grandes acampamentos que estão em constante movimento, de acordo com o período do ano, para acompanhar a caça, principalmente mamutes, alces, bisões e rinocerontes lanosos. Os acampamentos recebem o nome dos pontos cardeais, devido sua localização na área de caça Lazúli. Acampamento “Azul” do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste.

Educação & Cultura    

Entre os Lazúlis o casamento é uma instituição sagrada e é para a vida toda. Diferente dos “Vermelhos”, os laços que unem um homem a uma mulher entre os “Azuis” são muito fortes. Saídos de uma vida escrava que durou anos incontáveis, os “Azuis” acreditam na igualdade de direitos dos seus indivíduos e a liberdade de cada um é sagrada. Logo, nem no casamento os Lazúlis fazem distinção entre homens e mulheres, todos dividem as tarefas por igual, pensando no bem comum em detrimento de castas sociais. Existem mulheres caçadoras e guerreiras também, bem como em outras funções consideradas masculinas, assim também os homens executam tarefas “femininas”: cozinhar, costurar e tecer são exemplos disso. Essa admirável comunidade, no entanto é frágil. Sua coluna de sustentação é a figura do grande herói Quôim, seu forte senso de justiça, aliado ao fato que nenhum Lazúli pode sequer sonhar com a possibilidade de desobedecê-lo. Depois que ele morrer é difícil imaginar como ficará o Clã dos “Azuis”; apesar de os filhos serem fiéis, eles não têm o prestígio e o carisma do pai e a tênue linha que une o Clã pode romper-se facilmente.

As crianças Lazúlis são o oposto das crianças Rúbeas. Aqui, as crianças são instruídas desde muito cedo nas tarefas do Clã. A disciplina é dura e o regime é praticamente militar. Influência, claro, das muitas guerras e do passado sangrento deste povo tão singular.

Os principais meios de transporte são os velozes trenós puxados por grandes cães glaciais. Os trenós, aqui, são ícone de grande estima entre os caçadores, sendo muito bem projetados e muito velozes. Os cães são dispostos de forma diferenciada aos trenós nortistas. No norte, os cães são emparelhados uns atrás dos outros, com o líder da matilha atrás instigando os outros cães com mordidas e latidos. Aqui, os cães são dispostos em um triângulo, com o líder na frente marcando o passo da matilha; os cães não se mordem nem competem entre si, lembram mais o vôo dos gansos do que uma matilha de cães puxadores de trenó.

Entre os “Azuis” há, infelizmente, um costume que seria encarado como crime grave no reinado, fruto, provavelmente, da influência orco durante o período de cativeiro e foi moldado ao longo dos anos pela crendice popular e pela necessidade de alimento. Acontece que, entre os Lazúlis, é costume que ao derrotar um inimigo valoroso em combate singular o guerreiro possa devorá-lo... Os Azuis acreditam que no sangue está a alma e na alma a força de um guerreiro e que ao devorá-lo a força dele será herdada pelo vencedor. Curiosamente ser devorado por um grande guerreiro é uma honra para o perdedor, preferível à escravidão ou perdão.

Os Orcos do Vale

Nos vales do sul das Geleiras existe um pequeno inferno: O Vale dos Orcos. Tudo que pude saber sobre este lugar foi dito por um grupo de orcos aprisionados pelos Azuis. O grupo de seis integrantes foi preso em celas separadas e “interrogados” um a um pelos guerreiros Azuis. O método usado para obter a verdade foi simples e muito inventivo. Uma mesma pergunta era feita a cada um dos orcos em separado, e foi-lhes dito que aquele que respondesse diferente dos demais teria a língua cortada e depois seria queimado vivo para aquecer os guerreiros Azuis. Assim, cremos que quase todas respostas devem ser verídicas. Salvo aquelas que há muito tivessem sido ensaiadas”.

MATAR! PILHAR!! DESTRUIR!!!

(Grou-Buldur, Carga-de-Ossos - líder tribal do Vale dos Orcos)

Território

O Vale dos Orcos está encravado entre as montanhas ao sul da Geleira, ali os vales são mais frios (desconhece-se a razão) e há uma incidência maior de feras selvagens, sobretudo de Demônios-da-Neve. Os demônios-da-neve não atacam os orcos, segundo os presos, porque “a carne dos orcos é insuportável”. Existe um pasto de mamutes e a faixa da área de caça do Vale dos Orcos é caminho do Mulague (vide Fauna e Flora). Essas são as maiores fontes de alimento dos orcos.

Mentalidade

Os orcos das Geleiras são mais atarracados e gordos que seus primos nortistas (com gordura subcutânea concentrada para combater o frio), alguns têm pêlos brancos e/ou pele acinzentada. Carnívoros por excelência, os orcos dali só recorrem às raízes quando a fome é muito grande. Quanto aos frutos, eles os desprezam totalmente. É comum também que eles realizem caçadas a tribos humanas. Nestas caçadas os integrantes da tribo que forem pegos vivos são levados para as cavernas, presos, engordados e depois... Bem, o que vem depois é evidente.

Organização

Diverso das outras tribos da região, o Clã dos Orcos do Vale não está disperso pelo território de caça. Todos os seus integrantes vivem numa região dos vales repleta de cavernas e galerias subterrâneas. Através destas galerias podem chegar a muitos pontos distantes das Geleiras. São, no entanto, incapazes de abrir seus próprios túneis/galerias, pois estão muito longe de dominar as intrincadas técnicas anãs de construção.

Seu rei é Grouchitam, O Maldito. Os presos o descreveram como grande, monstruoso, forte, cruel, terrível e impiedoso (cada preso lhe deu um título... essa foi a única resposta diferente que não levou um deles à morte). Grouchitam pessoalmente escolhe seus generais. Os generais comandam as tropas e governam pessoalmente o Vale dos Orcos prestando relatórios constantes dos seus serviços a Grouchitam.

Grouchitam alimenta uma rede de intrigas e espionagem imensa dentro do seu Clã. Se pudessem se unir e atacar em uníssono, os orcos do Vale teriam um poder terrível, mas, apesar da forte liderança de Grouchitam, seus soldados na maioria são oportunistas e covardes.

História

O Vale dos Orcos é bem antigo, talvez mais que todas as outras tribos da região. Há algumas décadas as tribos de orcos ocupavam quase toda a Geleira. O fato de terem sido “empurrados” para o lado sul se deve aos Lazúlis e à liderança do Grande Quôim, Olhos-de-Gelo. Ao longo de três décadas de disputas, os “Azuis” conseguiram dizimar boa parte das tribos orcos ao norte da Geleira e limitar a área de caça deles ao lado sudeste.

O orcos, portanto, nutrem uma rivalidade animal contra os Lazúlis, mas o sentimento é mútuo (vide história dos “Azuis”).

Nenhum deles soube definir a história antiga da sua raça, sabem apenas que vieram do norte a mais tempo do que podem se lembrar.

Há cinco anos uma investida dos Lazúlis impediu o Clã de conseguir comida por um mês. Muitos morreram de fome ou foram canibalizados. Grouchitam organizou um grupo de orcos e numa investida arriscada e feroz rompeu o cerco dos “Azuis” e trouxe comida para o Clã. Quando foi aclamado pelos membros como herói adquiriu imediatamente a inimizade do antigo rei. As desavenças progrediram até resultarem num combate do qual Grouchitam saiu vitorioso e o rei antigo ficou paralítico (alguns membros fiéis ao antigo rei questionam a veracidade da vitória de Grouchitam, em segredo é claro). Posteriormente o rei antigo foi devorado por Grouchitam (alimentar-se dos inimigos derrotados é um costume comum entre os orcos do vale).

Educação & Cultura

Os orcos e suas mulheres não fazem distinção entre si. A mesma violência que marca a vida dos homens é traço característico nas mulheres. As crianças muitas vezes não têm pai. Do grupo interrogado, só um sabia quem era seu pai. O rigor da vida na comunidade leva as crianças orcos a crescerem rapidamente, vivendo sem infância alguma. As que vivem com um dos pais são invariavelmente maltratadas e espancadas, isso faz parte da “educação” orco, para “moldar a criança numa estrutura forte”, eles dizem. O treinamento militar, a educação, os costumes, etc. são aprendidos pela observação. Os que aprendem, crescem e obtém seu espaço na comunidade, os que não aprendem morrem cedo.

O sexo antes do casamento é corriqueiro e visto com naturalidade, mesmo em público (aliás, a noção que um orco tem de casamento é o de ter uma escrava). O que na nossa sociedade seria considerado um estupro, no Vale dos Orcos é cotidiano, e não provoca a repulsa de suas mulheres nem resistência, exceto nos casos dela não se agradar do parceiro.

Os Gigantes de Gelo

O pequeno Olho-Feroz foi avisado muitas vezes por seu pai para não se aventurar nas colinas do leste. O pai dizia que a Fera-que-Come-Crianças habitava ali. Agora Olho-Feroz chorava e lembrava-se com desespero da recomendação de seu pai. À sua frente estava o Demônio-do-Gelo. A fera olhava com malícia para a criança indefesa à sua frente. Estava pronto para abocanhá-lo. Olho-Feroz fechou os olhos com força esperando sentir uma dor intensa a qualquer instante. Mas o que ouviu fez seu coração parar. Um uivo de guerra soou do alto do monte às suas costas e ele viu um corpo gigantesco precipitar-se sobre o demônio-do-gelo. O gigante musculoso agarrou a bocarra do demônio com seus grandes braços e num ato de grande força quebrou-lhe a mandíbula e o pescoço. Olho-Feroz voltou a respirar. Uma lágrima congelou no seu rosto enquanto ele se esforçava para acreditar no milagre de estar vivo. Já se via contando vantagem para os outros garotos da tribo sobre como foi salvo por um gigante. O Gigante da Neve, deixando para trás o corpo fétido do demônio, caminhou até Olho-Feroz. Sorriu deixando à mostra seus dentes de serra e disse: ‘olá, almoço’. O coração de Olho-Feroz parou... Para sempre”.

Odeio quando o almoço fica me xingando!

(Borgolam, Pança-de-Lama – Caçador Gigante do Gelo, aposentado).

Território

Na região leste à Área de Caça dos Rúbeos existe um conjunto de altos picos nevados. Nas encostas destes picos existem grandes cavernas e ruínas de torres muito antigas. Estas torres pertenceram, segundo se conta, ao Antigo Rei, das lendas dos “Vermelhos”, podem ter servido de postos avançados de observação contras as nações do norte. Hoje não passam de ruínas frias, esquecidas pelo tempo. Mas foi ali que os Gigantes de Gelo das Geleiras buscaram abrigo. Os picos são muito elevados e habitados somente pelos gigantes. A tribo de cerca de cinqüenta membros depende de incursões aos vales para conseguir alimento. Não obstante vale lembrar que são antropófagos e, fato comum, comem seus velhos e inválidos.

Mentalidade

Os gigantes, de fato, são um tanto lentos para raciocinar, embora isso não os torne estúpidos. São caçadores eficientes e totalmente imunes ao frio, até mesmo os de origem mágica. Esse talento racial, aliado ao fato de possuírem um faro admirável, os torna capazes de viver sob as montanhas sem dificuldade alguma para orientar-se.

Os gigantes das Geleiras têm ódio total e absoluto dos Rúbeos. A razão de tal animosidade está na história recente desse povo: há pouco mais de cinqüenta anos, os gigantes somavam algumas dezenas de tribos na região nordeste das Geleiras; como são carnívoros e têm predileção pela carne de raças inteligentes, era comum grupos de caça gigantes investirem contra uma tribo de “Vermelhos” como fonte de “boa caça”. Naquele tempo, durante a Festa da Congregação dos Rúbeos, o animal símbolo eleito para ser caçado foi o Gigante de Gelo. Ao invés duma caça ao mais “espetacular espécime” da raça, os Rúbeos iniciaram uma grande campanha de extermínio e investiram durante 12 anos contra todas as tribos de Gigantes das Geleiras. Dois mil caçadores Rúbeos levaram a raça de gigantes quase à extinção. Os membros sobreviventes refugiaram-se nos altos picos nevados onde o frio e o solo íngreme impediram totalmente as investidas dos “Vermelhos”. Alimentando-se dos seus mortos e sendo imunes ao frio, os gigantes não puderam ser removidos de sua posição. Sob a liderança de um líder capaz, deram tempo ao tempo até que o inverno derrotasse seus perseguidores. Por fim as investidas cessaram e os Rúbeos, após um ano de cerco, abandonaram os picos nevados. Hoje restam poucos postos de observação no limite da área de caça, mas os gigantes não costumam mais invadir o território dos “Vermelhos” à procura de “caça”, exceto se a fome for muito grande.

Educação & Cultura

Os gigantes das Geleiras não possuem nenhum tipo de arte ou cultura desenvolvida. Suas fêmeas são gordas e atarracadas, à semelhança dos machos; as crianças são criadas com severidade, mas nunca são abandonadas, e os filhos guerreiros são vistos como uma bênção pelos pais. Não existe vida religiosa. E em sua cultura vê-se apenas um esporte e esse mesmo bastante primitivo e brutal. Cada equipe, com uma quantidade variável de membros, traça um campo quadrado. Esses campos tocam-se, fazendo fronteira num dos lados um com o outro. No outro extremo, cada equipe finca lanças, entre duas e seis, e em cada lança a cabeça de um animal ou outra criatura qualquer. O objetivo é correr através do campo inimigo sem ser derrubado pegar uma das cabeças e trazê-la para seu próprio campo fincando-a ali numa de suas lanças. Caso seja derrubado em solo adversário o gigante tem que voltar para seu próprio território. A equipe que arrancar todas as cabeças da outra vence.

Cidades E Locais de Interesse

A Cidade de Gelo (das lendas dos Azuis)

O Reino dos Gigantes de Gelo - os salões dos gigantes

O Vale dos Orcos

Garganta dos Reis

Ursar, a academia da Ordem Mística

Rumores e Intrigas

Existe, próximo ao Grande Branco, uma seita de homens de gelo que cultuam ao Mal-Sobre-O-Gelo e que buscam, há séculos, uma maneira de romper o cerco da Ordem Mística e libertá-lo.

Conta-se que próximo ao Grande Branco existem pedras duras como o aço e que são trocadas com os anões por muitos itens, alguns homens (muito poucos) conseguiram apanhar da neve algumas dessas pedras que os anões chamam de diamante glacial.

Nas regiões onde há diamantes glaciais existem criaturas terríveis e enormes que têm carapaça feita de um gelo inquebrantável. São chamados Vermes do Gelo e seguem o Mal-Sobre-O-Gelo, a Ordem Mística do Urso Glacial as combate.

Todos os anos um homem misterioso usando peles e uma armadura de gelo com uma grande espada azul vem do profundo das Geleiras, atravessa as montanhas rumo ao norte e nunca mais volta. Entre os Rúbeos, dizem que é um mensageiro do Mal-Sobre-O-Gelo, já entre os Lazúlis fala-se de ser um guerreiro da Ordem do Urso Glacial que cumpriu sua missão, recebendo então a chance de viver novamente.

Existem na neve, homens da maior honra e coragem que após abandonarem suas vidas, são convocados a viver combatendo o mal que vem das Geleiras. Seu líder é Elenar, que foi ressuscitado pelo Grande Urso Glacial para guardar seu povo, esses guerreiros são chamados de a Ordem do Urso Glacial, e os maiores e mais honrados guerreiros podem ser, de repente, chamados para se juntar a eles.

Alguns caçadores Rúbeos alegam ter visualizado uma gigantesca fera alada, parecida com um imenso lagarto branco e brilhante, perto dos enormes picos nevados que circundam sua aldeia. Batedores enviados para averiguar do que se tratava a estranha criatura não retornaram...

Entre os Lazúlis existe uma lenda sobre a existência de uma grande cidade perdida entre as cavernas, sob as Geleiras. Eles afirmam que os orcos do Vale ao Sul já tentaram passar pela mesma, numa tentativa de invadir as tribos Lazúlis pelo subterrâneo, mas foram destruídos pelos “Senhores das Profundezas”, como são chamados os reis de tal cidade. Logicamente, nenhum “Azul” confirma a veracidade desta história.

Recentemente, na área Leste de caça dos Rúbeos, onde os gigantes do gelo se refugiaram, alguns guerreiros viram estranhas luzes, de cores múltiplas, saindo do interior de uma das antigas torres em ruínas da região. Eles não souberam dizer o que eram estas luzes, mas uma coisa eles afirmaram com certeza. Não era obra dos gigantes do gelo.

Alguns antigos Lazúlis que sobreviveram às tocas superiores do Vale dos Orcos afirmam terem visto uma enorme quantidade de tesouros amontoados dentro daqueles túneis, dizem que os Orcos não mexiam naquela prataria, pois pertencia ao Grande Rei e que por isso era amaldiçoado...

Principais personagens

Rainha Palidá

Elenar

Uli, a feiticeira

Pada-Merá

Quôim

Iaêm

Quôlum e Môcum

Quôcheilim

Doú-Quiú

Grou-Buldur

Grouchitam, o Maldito

Borgolam, Pança-de-Lama


Verbetes que fazem referência

Geografia do Mundo Conhecido, Terras Selvagens

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